Ponto de vista

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Fotografia de interiores e exteriores para imobiliária, hotelaria e arquitetura; usando apenas luz natural e ambiente.

Minha fotografia faz uso de apenas a luz natural e/ou ambiente presente no local.
Eu trabalho desta forma com a intenção de retratar o ambiente com o maior respeito possível pela preservação das suas verdadeiras caraterísticas, "abusando" onde possível dos espetáculos da luz solar ou ambiente, visando dar o máximo de emoção às imagens.
Acima de tudo em ambientes tropicais, como é o caso em boa parte do Brasil, fotografar em função da luz solar pode ser particularmente difícil, porém muito gratificante.

Luz é um dos fenômenos que maior influência exerce sobre o nosso estado emocional e como somos todos um produto da própria natureza; é principalmente a luz de fontes naturais como o sol ou o fogo que sentimos de forma mais intensa emocionalmente. Nós, como a maioria dos seres vivos, gostamos da luz, somos atraídos pela luz, principalmente quando ela é mais quente, como é o caso da luz do sol no início e no final do dia, ou do fogo, em forma de chama de uma vela por exemplo. Nosso estado emocional num dia nublado não é o mesmo que é num dia de céu azul, e desta mesma forma não é de estranhar que a fotografia feita com luz natural tem uma capacidade de nos transmitir sensações que a imagem de estúdio, com o uso de luz artificial e geralmente fria, não é capaz de fazer. Antes da era digital, para obter resultados tecnicamente aceitáveis na fotografia de interiores, éramos obrigados a utilizar luz auxiliar, geralmente em forma de disparos de luz na hora exata de obter a foto (flash) ou em forma de luz contínua, com lâmpadas fortes; tudo com a intenção de iluminar o ambiente de forma mais equilibrada para assim reduzir as pesadas sombras causadas pela forte carga de luz solar que entra por janelas e portas. Porém, estas técnicas, que ainda hoje são utilizadas por muitos profissionais, tanto têm vantagens como têm desvantagens.

A grande vantagem é a possibilidade de criar imagens de qualidade técnica, fotograficamente falando, do mais alto nível. Tão alto porém, que a imagem perde o contato com a realidade, com a natureza; ela transmite algo surreal, artificial, típico da fotografia de estúdio. Mesmo se a iluminação for aplicada por um experiente profissional, de forma muito sutil e equilibrada; inconscientemente sentimos que a foto está nos "enganando", que tudo está perfeito demais para poder estar retratando a realidade. Uma imagem assim pode ser excelente para realçar o lado arquitetônico do local, ou talvez para promover a capacidade técnica do próprio fotógrafo. No entanto, o que ela não consegue é transmitir emoções; de bem estar ou, fundamental no objetivo do meu trabalho: de desejo de estar no local mostrado na foto. Estas emoções somente conseguimos sentir ao observar situações naturais relativas à luz, situações que naturalmente reconhecemos porque a evolução da nossa espécie nos programou para tal. Para que consigamos retratar em fotografia um ambiente próximo à sensação que este nos transmite estando no local, simplesmente não podemos aplicar luz onde na realidade existe sombra.
Felizmente, a tecnologia digital atual permite fazer com que eu retrato esta realidade em termos de luz com perfeita preservação de detalhe e de qualidade técnica geral.

Utilizar a fotografia como principal referência em questões que envolvem tantos outros elementos, embora não visuais, de igual ou até superior importância no apreciar do lugar, é no mínimo uma tremenda injustiça. No entanto, na prática; muitas das vezes é o melhor que temos.
Quem avalia uma casa envolvida por um jardim a partir de uma foto, tem um retângulo com uma imagem como única referência. Não viu as lindas paisagens antes da chegada à casa. Não ouve o canto dos pássaros espalhados pelo jardim. Não sente a suave brisa do mar nem os perfumes das flores, e nem tampouco sente a magia que o lugar talvez expire. Tudo que a pessoa tem para chegar ao veredito: aquele retângulo. O olho crítico de quem se concentra numa foto à procura do melhor lugar pelo menor preço, não perdoa muito. Todos os detalhes na foto são analisados minuciosamente, e por isso pouco escapa. Uma telha quebrada, pequenas rachaduras na parede, manchas na pintura, uma cadeira torta, ou até a irregularidade da abundante vegetação no jardim; numa foto serão fatores de peso, enquanto no local possam ter pouco ou nenhum impacto negativo. Mas, preparando cuidadosamente os locais a serem fotografados, existem métodos para minimizar estas crueldades cometidas pela lente fotográfica.

Além da publicação de imagens pouco apetitosas, outro dos principais erros cometidos por muitos hotéis e pousadas nos seus sites, é mostrar demasiado.
Qual seria o mal em deixar algo por descobrir? Após termos "provado" um pouco de uma coisa muito boa, a maioria de nós fica com água na boca, e quer mais. O objetivo das fotos na divulgação é justamente este: o despertar da curiosidade do potencial cliente, e não muito mais do que isto. Mais valem poucas fotografias boas do que muitas de fraca qualidade...

Hotéis de grandes redes e de prestígio internacional, de um modo geral, não aderiram à idéia da “galeria de fotos”. Cada foto publicada por eles têm a sua função bem definida. Raramente estas multi-nacionais publicam mais do que uma foto do mesmo tipo de espaço. Elas não costumam mostrar detalhes de equipamento nem de consumíveis; se limitam a dar um cheirinho do melhor que têm a oferecer. Será desleixo deles, ou marketing bem estudado?

A fotografia tem o seu lado forte na transmissão do caráter do ambiente retratado. Na sua atmosfera, no seu toque; naquilo que é difícil de descrever com palavras. Qualquer outra pretensão que se tenha para com a fotografia aqui em questão arrisca a resultar em um banalizar da própria imagem, sem atingir objetivo algum, e ainda com consequências negativas para todas as partes envolvidas: proprietários/hoteleiros, compradores/hóspedes e até os próprios fotógrafos.